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Cavalos Alados

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© Illustrator: Celia Maria Ribeiro Ascenso | Agency: Dreamstime.com

Cavalos alados

Um jovem príncipe vivia num país não muito distante. Era muito feliz no seu reino e tinha muitos amigos. O castelo onde vivia era feito de grandes pedras preciosas, mas as cadeiras e as camas eram feitas de madeira, pois os regentes daquele reino não eram assim tão ricos como se possa imaginar.
 
Gostava de passear muitas vezes pelo seu reino sem que ninguém soubesse que ele era o príncipe, pois assim poderia saber como viviam as pessoas normais. Descia muitas vezes à cidade para estar com os seus amigos, e depois subiam todos à montanha para ver e cheirar as flores e espreitar uns cavalos alados que se escondiam por detrás de grandes pedregulhos.
 
Os seus pais já o haviam avisado várias vezes sobre os perigos que representavam aqueles grandes cavalos castanhos com as suas grandes asas brancas. Que quem voava neles nunca mais conseguia parar de o fazer. E ganhava uns pés de chumbo, que tornavam a sua marcha sobre a terra muito difícil.

Mas a curiosidade era imensa. O que haveria de tão especial naqueles cavalos, para que nunca mais se conseguisse parar de voar neles? - " Não há nada que nos obrigue a fazer o que já não queremos fazer mais..." - pensava o príncipe. E a curiosidade ia crescendo, à medida que ia tomando mais conhecimento sobre os cavalos alados.

Um dia decidiu-se. Ele e uns amigos iriam cavalgar nas asas do vento. Só que para que pudessem atrair os cavalos alados, era necessário que lhes dessem de comer pedras preciosas. Quanto maior a pedra preciosa, maior a viagem pelos céus. O príncipe pensou: "Encontrar pedras preciosas não tem problema algum !!! Vou buscá-las ao meu castelo..."
 
E assim foi. Tirou uma pedra preciosa do muro do seu castelo. - " Uma só pedra, ninguém iria dar pela falta dela..." - Tanto que seus pais não poderiam saber que ele finalmente iria experimentar um cavalo alado.

Seguiu até à montanha, procurou os desejados animais, e estendeu a um deles a pedra preciosa. O cavalo alado imediatamente se aproximou dele e engoliu a pedra preciosa. Pequenas estrelas envolveram o príncipe como se formassem um véu, pegando-lhe docemente e colocando-o sobre o cavalo alado. Começou uma viagem inesquecível pelos céus, tão especial que nem o próprio príncipe a poderia descrever. Foi a primeira de muitas.

No início o jovem príncipe ainda descia à cidade para se encontrar com os seus amigos. Mas a pouco e pouco foi perdendo a vontade e o desejo de estar com aqueles que mais ama. Os seus sentidos viravam-se todos para montanha, onde estavam os cavalos alados. De dia para dia, pedra a pedra, o muro em redor do castelo ia desaparecendo.

Os Reis pensaram que seriam perigosos ladrões que lhes estariam a levar as pedras, e reforçaram a guarda ao castelo. Mas em vão. O muro desapareceu por completo. As paredes do castelo começaram por sua vez a desaparecer. O príncipe tinha-se tornado um mestre na arte do engano e da mentira, mas a pouco e pouco, e à medida que o castelo desaparecia, começou a pensar-se que poderia ser ele o responsável pelo desaparecimento. Até porque andava com um comportamento pouco normal. Os Reis finalmente conseguiram falar com o príncipe, e descobrir que a razão pela qual desapareciam as pedras preciosas era porque o príncipe a levava para as dar aos cavalos alados. Por esta altura já todas as torres do castelo tinham desaparecido, e faltava uma grande parte da parede. Mas como o amavam muito, confiaram que poderiam ajuda-lo a parar de viajar nos cavalos alados. Afinal ele era o príncipe, tivera uma educação esmerada, deveria ter a força de vontade suficiente para o conseguir.

Mas seguiram-se insucessos atrás de insucessos. O príncipe voltava sempre à montanha. Todo o castelo desapareceu, finalmente, mas o príncipe não tinha mais para onde ir, e ficou juntos dos Reis, pois estes, apesar de todo o sofrimento que este lhes causou, tinham-lhe um amor incondicional. Em lugar das paredes de pedras preciosas colocaram folhas e troncos para se abrigarem, e havia sempre uma caminha onde dormir e uma cadeirinha onde sentar. Talvez o príncipe tenha procurado pedras preciosas noutras casas, ou noutros reinos. Ninguém sabe. Mas ele conseguia sempre encontrar alguma para que se pudesse dirigir à montanha, em direcção aos seus cavalos alados.
 
O seus únicos desejos relacionavam-se sempre com os cavalos alados. Porque tudo o mais deixou de existir como realidade. Agora, a sua única realidade era voar. Cada vez mais alto, porque as pequenas viagens já não lhe traziam felicidade, não traziam nada de novo. Só serviam para lhe acalmar a ansiedade, pois ele já não sabia nem conseguia viver com os pés sobre a terra, pois estes tinham-se tornado chumbo e não se moviam, e o peso de toda a realidade tombava sobre ele.

Mas o príncipe já não suportava mais. Deveria arranjar forma de voar, voar sempre. Finalmente conseguiu encontrar uma pedra preciosa suficientemente grande para que pudesse voar bem alto. Deu-a ao cavalo alado mais bonito que encontrou, para a sua viagem especial. E começou a voar no seu cavalo, cada vez mais alto... mais alto... mais alto... até que chegou ao Sol e desapareceu nele.

Célia Maria Ribeiro Ascenso
Janeiro 2000

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